*ESCREVEDORA DE SONHOS

Rabisco sonhos com avidez
Crio na tela o matiz das cores
O sonho viaja com toda altivez
A mente flutua em ondas olores

Vejo o planeta na sua origem
A terra na virgindade inculta
Toda a vegetação em vertigem
Pela decapagem da mão astuta

As águas numa corrida incansável
Abrigando-se no profícuo leito
Com única purificação casável
Num ciclo da chuva em deleito

Sonho rápido como o pensamento
Entro aos mais íngremes labirintos
Percorro espaço, a pureza do vento
Animais festejando anos indistintos

Não vejo o vermelho que pinta
Na terra a tinta o asfalto o gemido
Nem o grito no silêncio que agita
A farda que traz o recém-nascido

Sonho que as mãos que afagam
Sejam as mesmas que estendidas
Abram as prisões e nunca tragam
As páginas da vida desprovidas

Do amor, como chama que não apaga
Da justiça, uma escritura partilhada
Da luz, o embargo da treva em saga
Da paz a sólida e eterna pousada

Escrevedora de sonhos, registro
No diário da paginas como nicho
Cada palavra em suave transcrito
Dissecando a emoção em cochicho
                                      sonianogueira
Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 12/12/2009
Reeditado em 14/12/2009
Código do texto: T1974841
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