Saudade da Minha Terra
Ai saudade da casinha lá no morro,
Vê as vacas pastando no alto,
As galinhas ciscando pra lá e pra cá.
Ai saudade do caipira que canta sua poesia,
Acorde choroso na viola, o fumo de palha,
Seu chinelo de dedo, seu cantar da terra.
E voltar na terrinha pra rever meu amor,
Namorada que ficou contando trevo pra modo
Esperar-me o beijo que prometi.
Mas agora não sou mais o caipira,
Não cheiro terra, nem mato e nem pasto,
Não sei mais cantar a moda de viola,
Perdi meu jeito de caipira.
Agora o meu medo é de homem, não são mais de lobisomem,
Sacis, almas penadas e mula sem cabeça.
Meu medo é do homem que usa revolver, que lança bomba,
Que rouba ele próprio, que assina leis
E mata o mundo.
Ai, saudade da terrinha, lá do alto a casinha,
Fumaça escapando do telhado,
Comida, café, bolo, viola.
É tão bom, agora cheiro fumaça de automóvel,
Cheiro perfume barato, pago pra namorar por meia hora,
Bebo cerveja, ligo pra pizzaria, como hambúrguer.
Eita saudade, sonho em ser vaqueiro,
No cavalo cuidar da boiada, comandar,
Vaqueiro e a viola, caipira e a viola.
Minha saudade não tem fim,
Vem violeiro tocar seu acorde,
Faz-me ter lagrima, me faz cantar a alma caipira que sou.
( Rod.Arcadia)