A CANCELA

Euna Britto de Oliveira

De tudo que vi naquela fazenda,

Gostei mais foi da cancela,

Porque me assentei nela...

Cômodamente instalada,

Cismei até dizer chega!

Virei colegial outra vez,

Dona do tempo,

Do silêncio,

Da cobra escondida na moita,

Da centopéia em preto e laranja,

De tudo que o vento não desarranja...

Há os que já saíram de cada enrascada!...

Componho uma mensagem codificada.

As terras não me pertencem.

Terras são espaço,

Espaço nenhum me pega

Em seu laço.

Interessada em desapego,

Minha alma fartamente se acalma...

A cerca e sua cancela fecham um ciclo:

O que um ciclone visitou.

Fiquei entre os sobreviventes...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 14/07/2006
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