ja' me acostumei na tua ausencia
já me acostumei na tua ausencia
te ter nos sonhos
olhar no espelho
sem te ver sair do banho
o café sozinho
a desordem quieta do jornal
o abandono da casa vazia
o desalinho
a paz informal
o ar pesado
a asfixia
a semana lenta
que não anda
as plantas displicentes
espalhadas e mortas na varanda
ja' me acostumei na tua ausencia
conversar comigo
olhar as paredes
ouvir o silencio dos quadros
doendo nos ouvidos
ninguem pra deitar no colo
ninguem pra sentar ao lado
ninguem pra me dar consolo
ninguem esperado
ja' me acostumei na tua ausencia
paciencia
não adianta morrer
não adianta ficar na janela
esperando o tempo passar
esperando a porta se abrir
esperando te ver chegar
ja' me acostumei na tua ausencia
tua falta ja' não e' tão grande assim
doeu mais na despedida
hoje so' doi em mim
quando eu toco na ferida