POEMA DE ESTADO

A minha vida está suspensa por fios

sem no entanto, interferir na minha pose

de resistir à qualquer sensação.

Meu simples sonho feito por células de arame

é hemorrágico e sem seriedades.

Esta é a minha estrada

de risos estancados e açoites que agonizam.

Sou surpreendido por um chapéu noturno

que se emerge do meu jardim inacabado.

Ele me instrui às coisas urgentes e descalculadas.

Mas a minha visão anti-caledescópica e nua

me inspira apenas a simplicidade da paisagem.

Erudições maledicentes, deem-me licença

para viver mais alguns minutos.

Preciso viver mais alguns minutos.

Preciso reaver a minha alma-metade e metódica.

A solidão crua em sem novidades já não se comporta

no meu frenético guardador de sentimentos.

- Dê-me esperança, ó Deus!

Dê-me o calor de alguma mão

porque as minhas desaprenderam

a lição de se carinhar.

Salve-me, ó Deus

porque meus passos são de quem se despede

sem o afago do último abraço.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 15/11/2009
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