POEMA DE ESTADO
A minha vida está suspensa por fios
sem no entanto, interferir na minha pose
de resistir à qualquer sensação.
Meu simples sonho feito por células de arame
é hemorrágico e sem seriedades.
Esta é a minha estrada
de risos estancados e açoites que agonizam.
Sou surpreendido por um chapéu noturno
que se emerge do meu jardim inacabado.
Ele me instrui às coisas urgentes e descalculadas.
Mas a minha visão anti-caledescópica e nua
me inspira apenas a simplicidade da paisagem.
Erudições maledicentes, deem-me licença
para viver mais alguns minutos.
Preciso viver mais alguns minutos.
Preciso reaver a minha alma-metade e metódica.
A solidão crua em sem novidades já não se comporta
no meu frenético guardador de sentimentos.
- Dê-me esperança, ó Deus!
Dê-me o calor de alguma mão
porque as minhas desaprenderam
a lição de se carinhar.
Salve-me, ó Deus
porque meus passos são de quem se despede
sem o afago do último abraço.