Na Sombra da Árvore

A sombra da arvore me afoga em palavras

E deixo-as assim,só por falar

Todos os sentimentos conjugados e detalhados

A lógica dos binômios conceitualmente corretos

o plano de metas do dia

Resumidos na sombra da arvore que faz versos

Cantante como uma bela sinfonia,mas distante

Belo apenas por saber que há uma melodia em algum lugar

Assim como os pensamentos

E os versos das noites mal dormidas que nunca foram escritos

Nunca foram escritos,porque os melhores versos nunca são escritos

Vivem perdidos nas janelas dos carros

Nas carteiras enferrujadas,no travesseiro babado

E na sombra da arvore que me sento,mas agora eu escrevo

E se não escrevesse seria tudo melhor

Não se pode fazer nada com os poemas prontos

Antes ficassem na memória com a beleza dos poemas a fazer

Com a possibilidade da beleza vanguardista que não há

Mas escrevo,e noto que há ausência de palavras

Que há ausência de sentido,há uma ausência de tudo

Como se o rabisco não fosse exatamente um rabisco

E pudesse ser dedicado a qualquer um

Permaneço então esperando

Observando enquanto a menina em baixo da arvore escreve

Ela não é eu,nem foi,nem nunca será

Nem estes versos são meus,não,não,não

Meus versos feitos de sentimentos,não são estes que escrevo

Estes versos são apenas fluidos pendulares da rua e do vento

Meus sentimentos são complexos e digníssimos

Sim complexos e digníssimos,

Mas nunca foram escritos ou pensado,talvez nem ao menos sentido

Mas de certo são complexos e digníssimo

Sim sim...complexos e digníssimos