DOMAIN, DOMAIN

Uns dias atrás

Sonhava em ser alguém importante

Ser alguém melhor ainda

Ter os meus sonhos em telas

Escrevia fados e contos

Querendo me libertar em palavras

Que a voz clamava em gritar

E só achava esperança

Queria livros e música

Programas felizes, viagens homéricas

Adeus minha Grande Recife, vou-me embora para Moscou

E o Orgânico mais genial e criativo que tiveram visto

O Buda homérico e puro

De vidas a ajudar, da iluminação a me guiar

Do Deus justo e Verdadeiro me tomando forma

E os Anjos me guiando à luz

Do Gauche infanto-juvenil

Com o inicio estudantil

E grandes esperanças no coração

De mudar o que me era visto

Da Engenharia me tomando posse

Os condutores me passando forte

A verdade lânguida dos meus sonhos orgânicos

E o coração pára, luta ao extremo da verossimilhança

Das noites inacabáveis

E dos amigos passageiros e taciturnos

Que em números se viam confortáveis

Em uma inteligência individual

As mentiras contadas

Para obter concessões infindáveis

De almas alegres e sorridentes

Cansadas e desesperadas em uma semana descomunal

Números e símbolos mil

Para a cabeça juvenil se ver passada

Em tantas dúvidas diárias

Que jamais se viram tão atordoadas

Vejo um anjo de asas cortadas

Que não acredita em mais quase nada

Nem no amor, nem na amizade e nem na cura

E nem sabe mais voar!

Uma alma boa

Que foi decomposta por um mundo vil

De sonhos mil

E músicas melancólicas

Diz o homem agora

Que virou poeta pato

Que nem sentir sabe mais

Sabe apenas quantizar sentimentos vastos!

Diz o poeta agora

Que se fez homem triste

Para assumir o mundo nas costas

E contar a alegria de viver na estirpe

Diz o ser que brota lá fora

Que era para tudo ser diferente

Mas, de tão singular e único momento, que se faz

A pluralidade de sentimentos completa a demasia

E as veias que me pulsam

Exalam vontade e determinação

Em acreditar que tudo ainda poderá mudar

Que poderei ainda ser mais, e melhor, feliz!

-Iury Sousa e Silva-

29-09-2008