Pérola
Sentado no aconchego de um aposento ilúcido
Conto as horas pelo barulho dos pingos da chuva
Resumo cada canto e cada inspiração num breve suspiro
E estando aqui,calada e intacta,sem pensamento aparente alem de um breve latejar na cabeça
A chuva me desce,e me desce como poesia
E desce pra cada um da forma que quiser
Há tanta gente no mundo que eu simplesmente me esqueço
(Há gente na neve meu deus,na neve fofa e gelada feita de sonhos das terras que nunca verei)
Mas agora tudo adormece,a minha a chuva é a minha única poesia
Não me interessa saber das outras almas em que ela venha a afagar
Sentada na cama eu sou indigente,sem passado nem futuro
Nem lembranças planos ou desejos hedonistas
Tudo agora é tão pequeno
Há um mar que me separa de meus sonhos
(sim,na Islândia eu seria feliz,feliz de verdade,mas deixo-a ,me contento apenas em saber que lá eu seria feliz)
Há um mar,e eu não me importo
Nas contas finais não tive nada a acertar com os sonhos
Deixo-os lá,deixo-me aqui
São de outro dia,de outra vida,nem me lembro porque os sonhei
O sonho de agora é o poema que agora escrevo
É a chuva que agora escuto
E toda a lógica e verdade absoluta do mundo
Se resume em estar sozinha no quarto vendo a chuva cair