E O POEMA SE CRIA...

Minha mão de amante segura o papel...

Tenho que colocar nesta branca folha

todo o amor que destroça o meu peito.

Adicionar tinta, lágrima, amor e emoção

numa harmonia poética que não mereça

reparos; mas, apenas aplausos do coração.

E o poema se cria, nasci comum...

Ficou aquém do amor que tenho.

Parece anêmico, fraco, opaco, um caco!

Ficou sem cor nem tem olhos luminosos.

Achei-o turvo, faltou o brilho dos apaixonados,

faltou sol, ficou sem sal, nem bom, nem muito mal, normal!

Poema tem que flamejar mais que vestes brilhantes.

Poemas tem que ser inteiros e cabais, tem que convencer

a cada vocábulo, tem que nascer e andar por si só, sem muletas

ou andadores, sem usar o nome do criador. Tem que ser ímpar...

Meu poema fraquejou, nasceu doente, tem data para desaparecer.

Se continuar vivo manchará o amor que sinto, fará menor o meu amor.

O amor que me incendeia o peito

não arde nas linhas do meu poema;

Não incendeia nem mesmo as vistas do poeta criador.

É alicerce feito na areia, cede fácil, desmorona ao primeiro vento.

E, que a maré cheia lamba os restos mortais deste poema que criei

e matei. E, que esta lua de prata mate a robusta dor do fraco poeta.

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 04/11/2009
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