E O POEMA SE CRIA...
Minha mão de amante segura o papel...
Tenho que colocar nesta branca folha
todo o amor que destroça o meu peito.
Adicionar tinta, lágrima, amor e emoção
numa harmonia poética que não mereça
reparos; mas, apenas aplausos do coração.
E o poema se cria, nasci comum...
Ficou aquém do amor que tenho.
Parece anêmico, fraco, opaco, um caco!
Ficou sem cor nem tem olhos luminosos.
Achei-o turvo, faltou o brilho dos apaixonados,
faltou sol, ficou sem sal, nem bom, nem muito mal, normal!
Poema tem que flamejar mais que vestes brilhantes.
Poemas tem que ser inteiros e cabais, tem que convencer
a cada vocábulo, tem que nascer e andar por si só, sem muletas
ou andadores, sem usar o nome do criador. Tem que ser ímpar...
Meu poema fraquejou, nasceu doente, tem data para desaparecer.
Se continuar vivo manchará o amor que sinto, fará menor o meu amor.
O amor que me incendeia o peito
não arde nas linhas do meu poema;
Não incendeia nem mesmo as vistas do poeta criador.
É alicerce feito na areia, cede fácil, desmorona ao primeiro vento.
E, que a maré cheia lamba os restos mortais deste poema que criei
e matei. E, que esta lua de prata mate a robusta dor do fraco poeta.