Flores no Deserto
Tenho os pés firmados em areia movediça
O tempo a exaurir é uma corda bamba
A água da fonte não é mais perene
Feito o magma a jorrar da cratera.
Não há nada de mim, os esquecidos
Na observância desse espaço
Á beira do precipício
Planto supressões de planos
Com sementes estéreis de não.
Há no paiol uma safra de nada colhida
Um silo repleto de talvez
Um armazém abarrotado de nunca.
Na lavoura das incertezas
Resta apenas aguardar
Que a praga perniciosa feneça
Junto do joio da incompreensão.
Mas ainda consigo produzir flores
Nas dunas do deserto
Entre os grãos de areia
Germina a semente das possibilidades
A vida segue cheia de reticências...
No oásis das palavras encontro refrigério
Para este cálido terreno de vírgulas e exclamações
Trafego sinuosamente reto
Entre aspas, parênteses e parentes
Em meio a parágrafos e interrogações
Até que sem revisão ou edição
Apresente-se a pontuação final.