Renda

Ouvi teu canto, passarinho... A chuva passa... E o mundo abre o sorriso que tanto amas...

Vejo estrelas, dentro de ti... A canção cantada aos ouvidos...

O percorrer dos fios... O entrelaçar de linhas... As voltas no dedal.

O mundo redigido... O texto construído... Ruidos.

Saboreio os dias... Construo os castelos... Sou a brisa... O Eu de mais uma poetisa.

Bela construção de detalhes... Seresteiro encaixe... Minhas mãos colhendo o lacre... Um milagre.

O mundo gira... É encantamento. Serena face.

A lua... Tão minha... Tão tua... Ouve o canto que da árvore me norteia.

Ah! Se o tempo fosse pacto... Se o espaço fosse exato... Poderia recortar mais uma folha seca... A borboleta camuflada de renda.

Amar-te em versos... Reverso daquela água cristalina...

As pétalas coloridas... O jardim que ronda a casa de pedra.

Concreta!

A forma ganha o tom que dedilhamos... Nem belo...Nem estranho... Um vulto enorme de felicidade...

Constante!

Amar em gotas de suor... Fazer da renda, carretel.

19:50