Já não sou mais eu...
Já não sou mais eu...
Mas uma ínfima fração
De um universo em extinção.
Uma fagulha da imaginação!
Já não sou mais eu...
Mas aquela que se divide
E, se multiplica...
Dentro dos pensamentos de uma era.
O que restou de uma civilização!
Uma partícula invisível eu sou
Na etérea nevoa a velejar
Entre os mares obscuros do mundo.
Sou o ponto de partida
Que nunca encontra o seu final.
Já não sou mais eu...
Mas a lembrança do que terá sido
Na eterna memória do tempo
Vagando no silêncio do espaço.
As sobras de uma criação!
Já não sou mais eu...
Mas o sentimento de uma existência
Em moléculas supérfluas da vida
Desintegrando no vácuo.
Sou o átomo da salvação!
Já não sou mais eu...
Mas quem sabe, um instante do ato
Expressado num breve relato
No palco ilusório da alma.
Sou a parábola da intenção!
Já não sou mais eu...
Sou os seus olhos hipnotizados.
Sua mente aguçada.
Sou a sua atenção!
Que segue essas linhas que escrevo
Até chegar a conclusão!