POR ONDE NÃO ANDEI

Caminhos não percorridos,

Sob sóis desconhecidos,

Saudades contadas por outros.

Onde não peguei poeira,

Não sujei meus pés.

Essas arvores caídas,

Não fui eu quem derrubou.

Por onde não andei,

Não deixei vestígios,

Não causei danos,

Não mudei mundos mundanos.

Não tingi de vermelho sua boca,

Seu coração continuou compassado,

Não mudei seu passado,

Nem fiz futuro do seu presente.

Não levantei lua no final da tarde,

Não embolei ondas na praia,

Não joguei pedras na vidraça,

Nem quebrei o vaso de gerânios.

Por onde andei,

Não sei o que fiz.

Que cantem outros as minhas façanhas,

Eu só sou sonhos das minhas vontades,

Sou lembranças das minhas saudades,

Sou o verbo que arranha.

De verdade? Nem sei por onde andei.

Se amarelinhas eu pulei,

Se corações eu amei,

Se saudades eu deixei.

Talvez nem tenha andado,

Sobre as águas, sobre as pedras.

Não fizeram registros por onde andei,

Nem fotos de lambe-lambe eu tirei.

Sei lá por onde andei,

Só sei que por onde não andei,

Não aumentei minha bagagem de tristeza.

Não conheci a princesa,

E nem virei sapo de lagoa.

Para felicidades de muitos,

Nem fiz tetos de taboas.

É isso!

Por onde não andei,

Nunca existi.

E por onde eu andei...

Eu vivi!

Di Camargo; 14/10/2009

Di Camargo
Enviado por Di Camargo em 16/10/2009
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