JANELÃO QUE DÁ PRA MANGUEIRA
Existe na minha casa um janelão.
um vão que se abre pr’uma mangueira.
Nela o mundo cabe e tudo mais que se queira.
Se entra chuva, é pouca.
Entram abelhas e assustam morcegos,
mas entra ar, sombra, luz, céu, sossego...
A mangueira peneira o vento e o sol.
E a sombra se rendilha sobre o concreto:
o apruma, certeira! metro por afeto...
A luz do céu cinza destaca as folhas.
e cada uma se mexe, dança no vento...
Flutua e patina como menina amostrada.
Meu pai quer fechar o vão:
pode entrar ladrão – é verdade.
Mas não quero... Eu não quero essa grade.