SE NÃO FOSSE

A âncora que prende

ao fluir do tempo,

a expectativa do diverso

na mesmice do eterno...

Não fosse a visão do antes

e a tenção do agora sobre o depois;

se não fosse a percepção

do todo numa pequenina parte...

Caso a confiança nas flores

após os frutos maduros se negasse

e a fé no alvorecer não chegasse

depois da noite escura ...

Se o desejo cessasse

ao amparo da crença

e a devoção à verdade

limitasse a compaixão...

Não fosse o amor

que move a vontade

e gera inquietudes

na busca do bem de outrem,

a vida seria em vão,

uma viagem sem virtudes,

do nada para lugar nenhum.

Lina Meirelles

Rio, 22.09.09