Passa tão devagarinho

Há um passarinho

Afastou-se do bando e segue sozinho

Não planejou, não pensou

Quando por um instante pensa em lá

Lá vai

Se é pra cá

Cá vai

Vê uma árvore solitária à leste e vai a ela pousar

E pousa

Cheiro de entadecer, mas abrigo não procura

Não tá afim

Voa mais um tanto

Plaina por tons de rosa

Por um cinza mais à frente

Um vento o muda de direção e ele nem vê

Água

Água é bom, pousa, descansa e dorme

Chamado para a orquestra passarinhesca

Desperta e vai

Canta, canta, canta

Costura uma núvem redondinha

Cheiro de amora

Farta-se

Arroz!

Que delícia...

Tem uma amiga preta e branca ali

Que tal dar olá

Hum, cheirinho de milho e café

Passa bem devagarinho

Pela fumacinha que sai da chaminé...