UM MENINO

Um princípio, um meio e um fim.

No princípio a fome, a esperança.

No meio um pedido, mais esperança.

No fim... o fim ainda não chegou.

Uma viagem, trabalho a fazer.

Uma parada e a fome abater.

Surge do nada um menino,

Mendigando, pedindo, implorando,

Pelo valor de um simples pão.

Fui tocado no meu íntimo,

Senti tocar-me a emoção,

Alimentei-o sem entender,

Sem saber seu nome,

Sem querer saber.

Este menino no silêncio,

Sem pestanejar, sem piscar,

Sem falar, sem se virar

Cabisbaixo come e bebe.

Eu, absorto fico a observar,

Sinto chegada a hora de partir,

Eis então que uma reação,

O menino com fraca voz,

Abala-me e toca bem fundo,

Pois sua forma de agradecer,

Foi: “Deus te ajude” dizer.

Não sei qual a razão,

Será merecida a gratidão?

Só por um pedaço de pão.

Creio que eu deveria agradecer,

Fiquei sem saber o que dizer,

Por ouvir “Deus te ajude”.

No fim,... um fim ,...sem fim,...

Um fim com mais esperança...

Ernesto Ehmke
Enviado por Ernesto Ehmke em 10/09/2009
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