UM MENINO
Um princípio, um meio e um fim.
No princípio a fome, a esperança.
No meio um pedido, mais esperança.
No fim... o fim ainda não chegou.
Uma viagem, trabalho a fazer.
Uma parada e a fome abater.
Surge do nada um menino,
Mendigando, pedindo, implorando,
Pelo valor de um simples pão.
Fui tocado no meu íntimo,
Senti tocar-me a emoção,
Alimentei-o sem entender,
Sem saber seu nome,
Sem querer saber.
Este menino no silêncio,
Sem pestanejar, sem piscar,
Sem falar, sem se virar
Cabisbaixo come e bebe.
Eu, absorto fico a observar,
Sinto chegada a hora de partir,
Eis então que uma reação,
O menino com fraca voz,
Abala-me e toca bem fundo,
Pois sua forma de agradecer,
Foi: “Deus te ajude” dizer.
Não sei qual a razão,
Será merecida a gratidão?
Só por um pedaço de pão.
Creio que eu deveria agradecer,
Fiquei sem saber o que dizer,
Por ouvir “Deus te ajude”.
No fim,... um fim ,...sem fim,...
Um fim com mais esperança...