PELAS FRESTAS DOS OLHOS...
Sempre de papo pro ar
vou levando a minha vida
brincando de ser poeta...
Nas noites alongadas,
em horas infindas,
a saudade tortura.
E, na festa dos galos
novamente me ponho de pé...
Sozinho saio pelas ruas
e fico sempre a apreciar
pelas frestas dos olhos
dos passantes felizes,
os sonhos que carregam...
José quer a Maria,
a Maria o Adauto,
Adauto se perdeu
de amor por Sofia,
Sofia não quer ninguém.
Diz que casará com o Senhor...
E, de novo chega à noite
e a lua vem faceira,
parece querer amor
com o vento passageiro...
O vento madrugador
não tem parada,
segue noite a afora
buscando outras plagas.
Enquanto eu, de papo pro ar,
fico aqui sonhando a lua,
que se sugere marota
pintando de prata
o chão do meu quarto...