PELOS VÃOS DOS DEDOS...
Parece que a saudade
Corre pelo meu corpo...
Deve estar pelas minhas veias
brincando num circuito aquoso...
A cada vez que penso em você,
uma nova derrapada pela pista,
uma roda que trava,
uma saída de lado...
O que corre dentro de mim
é um amor que enche os vasos,
que pesa e é comburente, é quente
e incendeia as veias e minhas entranhas...
Nenhuma pessoa percebe ao me olhar.
Nem mãe, que de tudo sabe consegue notar.
Transporto sempre esta saudade-dor para
onde eu for, feito um escravo ainda perdido
no tempo, que carrega o fardo na cabeça...
E, dói feito uma navalha cortando a carne.
e a ferida que fica todo o tempo sangra;
não há remédio para cicatrização...
Eu não posso demonstrar a dor,
tenho que ser forte. Um homem no norte...
Não funciona comigo. As lágrimas descem,
o tempo todo eu sigo pela via de cabeça baixa...
Quase todo mundo muda o tempo inteiro.
Menos eu, que sigo pela mesma estrada,
buscando o mesmo afeto,
sentindo a mesma agonia...
E, tudo continua como sempre foi...
Esta saudade é um restinho de vida
que a cada dia me escorre pelos vãos dos dedos...