TUAS PALAVRAS*
Se mais me esbarram que soltam,
mais me peiam do que montam.
Tanto me batem – nem contam –,
que mãos de oprimir revoltam.
Pior me cativam – caçam;
menos me pescam – me arrancam.
Se certas frases me espancam,
tuas palavras me enlaçam.
Menos me agridem – torturam;
mais me tangem do que chamam.
Porém, se as coisas me tramam,
teus dons de fada me curam.
(Abril de 1997)
Fort., 26/08/2009.
(*) Não me perguntem como e por que
garatujei isto. Tentar explicar o que se
concebe como poesia é um contra-sen-
so. Mas também o absurdo, às vezes,
emerge sob a forma de poema. Admi-
to que foi o que me ocorreu no ato da
concepção do texto: um disparate.