Pequena Prostituta, sem qualquer mercê*
Vitima de indevida inocência,
vejo-a surgir em espantosa indecência.
Em que céu vivia esse Serafim?
Em qual bordel achará seu fim?
Tão menina, meu Deus!
E tão cheia de vícios que nem são seus.
Vejo-a na madrugada
a caminho de outro nada.
Que fizemos contigo moça encolhida?
Sempre a espera de ser a escolhida
e tão longe de ser a recolhida.
Colecionas velhos dramas,
deitas em todas as camas
e quando amanhece
percebe como a vida lhe apodrece.
(e o Sax ainda toca,
como se ninguém soubesse).
* Da obra de Carlos Drummond de Andrade "Estampas de Vila Rica III Mercês de Cima".