Matéria-canção

Sou só pó

Sobras de canção

Uma flauta vencida

Do espaço caída

Epiderme artérias

Às vezes desfalecidas

Em meus olhos grandes

Telas do silêncio

Que indefinidas soam

Flutuam no escuro

Como nas ruas que me chamam

De onde vim feito pedras

A rolar no ritmo das palavras

Em meu tempo displicente

Signos que contam envelhecem

Neste cantar do universo

Desta matéria-canção.

Iára Pacini