Poema 0293 - Eu e o mar
Subi o mar, varri ondas dentro de mim,
provei do sal que sobrou na boca,
fui tempestade, quando não, era porto,
sou o movimento das marés, como o coração.
Restam-me alguns pedaços de oceanos,
deslizando sobre imensas quantidades de água,
sou sangue que flui entre uma e outra paixão,
a solidão talvez não seja naufrágio, o amor é alma.
Sou indiferente ao tamanho das pessoas,
suponho ser alguém que sabe nadar,
dou braçadas fortes quando em perigo,
abraço o corpo que amo, quando amo.
Fito o sol queimando olhos descrentes,
rodeio-me de lua para sonhar,
reparto fantasias, oferto iscas de carinho,
até que a maré nos enrola como amantes.
Amar não cansa, amor não se faz,
junto a uma súbita mudança dos corpos,
vem com a brisa que a paixão traz,
o céu fica morno, enquanto que nos corpos, inferno.
22/05/2005