QUE ATIREM A PRIMEIRA PEDRA

Não há caminho sem pedra

Nem à noite com a luz,

Tempestade sem os ventos,

Evangelhos sem Jesus,

As turbas e os caudilhos

Negarem em seus concílios,

De joelhos ao pé da cruz

Maria chorar seu filho.

Não há amor sem intrigas,

Não há brigas sem razão,

Nem a sorte sem o azar,

O sábio sem o falastrão,

O bêbado sem a cachaça,

Vagabundo sem arruaça,

Mas também há cidadão

Que porta a carapaça.

Há o fraco e o valentão,

Há o homem desonesto,

Uma mulher sem caráter,

O jovem a fazer protesto,

Há o rico, o muito pobre

O plebeu, mas há o nobre,

Político se faz modesto

E a falcatrua encobre.

Se há honesto ou Ernesto

Lá no planalto central,

Perdoa-os oh! Meu Pai

Não lhes queira tanto mal,

Homem ao homem destrói,

Mulher que a mulher corrói,

Afasta-os do pecado capital,

Bastam-lhes o venha a nós.

Afasta-nos de todo mal,

Daquela gente do entorno,

Dos vícios e bebedeiras,

Do inferno e do seu forno,

De mulheres traiçoeiras,

De malandros e bebedeiras,

E dos cornos de um corno

Nessas horas derradeiras.

Daqui façamos o contorno

P’ra trilhar sempre o bem,

Não importam as pedrinhas

Delas se livrem também,

Caminhando mui fagueiro

Mesmo sem muito dinheiro,

Mas feliz consigo amém,

No momento derradeiro.

Rio, 05/08/2009

Feitosa dos Santos