Monólogo de Aniversário
Chove lá fora,sempre chove lá fora
Deito-me no chão frio e permaneço calada toda a noite
Resta-me honra,resta-me esperança e alguns anos,mas quem que se importa?
Eu envelheço tanto quanto Dórian peca
Mas essa é apenas mais uma noite
De um tempo que não me cabe contar
Então desenhe um bolo e deixe o vento fazer um pedido
Se queres algo de mim,simplesmente retire e lave as mãos na saída
Eu sorrio na cara de meu próprio estuprador
Enquanto desprezo meus sorrisos sinceros
A felicidade é apática,nada possui de poesia
eu quero é ser triste
Ordeno-te que me estupre
Cantemos!cantemos! os anos passam rápido,minha criança
Os sonhos se dissipam quando devem ser dissipados
A chuva canta por nós,me abrace
Um ano repete o outro
Uma vida repete a outra
Tudo se separa diante do meu caderno de notas
Eu sou uma maldição de um calendário Maia
não feches os olhos,por favor
mas também não os abra de uma vez
numa estrada em que esqueceste de cruzar
na chuva que esperavas ter
caminhes,apenas caminhes
quero proteger-te como se acreditasse que ainda estas aqui
E eu vivi de argumentos não dados
Me ataquei na própria defensiva
e a dor das coisas roubadas me tornaram cleptomaníaca
e como num crime real,eu cobri meus rosto
apenas pela vergonha de querer roubar o que era meu
e com a cara encoberta,parei no meio de minha fuga
envelheci,meu deus,envelheci
sem que fosse necessário juntar todas as partes
sem que precisasse comprar esperança
eu envelheci na própria brincadeira de morrer
dando a minha alma a velha que toca violão do outro lado da rua
existi e morri feito música
chores criança,chores
chorar não cansa,chores pois quando choras tudo faz sentido
escute musica,faça as lágrimas virarem seu soneto favorito
chores no carro quando pensares em morrer
chores pois em tuas lágrimas a vida é bela
acorde humana e durma personagem
E nessa noite confusa e fugaz
Talvez recebestes um presente que não tinhas
Ou tinhas e te impossibilitaram de ter
Retire a venda criança,dance a noite inteira
Sejas sua, e apenas sua
Deixe que tudo desapareça nessas luzes esverdeadas
Sejas atemporal,apenas por uma noite
E o que se passaste aqui,esqueça,simplesmente esqueça
Retire o sapato e limpe o batom borrado
Deixe todo o resto do mundo desaparecer entre libélulas e vaga-lumes
Como num mágico momento inexistente
Como num dia fora do tempo