Eu e o mar
Ainda levo o mar dentro de mim
Embora me lancem as vagas
Contra os rochedos da história,
Contra as arestas da memória,
Contra o passado deste presente
Que se quer nuvem ou somente
Linha opaca no horizonte.
Ainda guardo lembrança infinita
Das areias, que me queimam a alma,
Dos desejos, escaldantes a eclodir,
Do vulcão em lavas a explodir
No corpo que dialoga com as águas
Ondulantes e perenes desse mar,
Que me levam e trazem, sem parar.
Ainda guardo os acordes divinos,
A melodia dessa história oculta,
Sussurro que só a brisa ausculta,
Nas profundezas dessas águas abissais.
Ao sabor das marés, eu me entrego,
Ora me revolto, ora renego
a(mar), essa tua presença em mim.