Poesia de ouvido
Euna Britto de Oliveira
www.euna.com.br
Faço poesia de ouvido,
Sem horário, sem métrica, sem academia...
Conto as coisas,
E é só.
As coisas que sinto
E, de tanto sentir,
Ás vezes até ouço existir...
Em algum lugar,
Uma gestante conversa com o filho em formação.
Mais uma alma desenovela seu segredo de ser...
Em algum lugar,
Um verso semelhante aos que recebo
Penetra na docilidade de outro habitante da cidade...
No campo, há gado molhado de chuva,
Malhado, de tanto exercício
E de manchas também!...
Um gato espreguiça no telhado
E repete um miado pré-histórico, pré-histérico...
Eu espreguiço na minha cama
E aprendo a surpresa que é o mundo
Que os olhos do corpo não vêem:
“O reino de Deus é de forças.”
Começo a prescindir da massa e dos símbolos
Para chegar à idéia pura.
Apenas o começar dos treinos
Para a eterna quietude
Dos que não precisam mais correr...
Maior poder é atrair que perseguir...
Deve haver um canto quântico, cibernético...
As sereias o aprenderam...
Venha a nós o Vosso reino, Senhor,
Porque já corremos atrás dele demais!
Estamos cansados de frustrações
Em nossas correrias e agitações...