Nada de Mais
Não sou nada de mais.
Nasci de uma mãe.
Tenho dois olhos,
um nariz,
uma boca...
Nada de mais.
Faço as coisas
mais comuns,
sou comum.
Estudo, trabalho,
mantenho um lar,
me mantenho.
Nada de mais.
Minha única diferença
é este turbilhão de
sentimentos confusos
que cavalgam pelo
meu corpo.
Cada dia, um vem me dizer
o que fazer, como agir, em
quem pensar, o que escrever.
Nem sei mais o que estou
escrevendo ultimamente.
Isso é demais!
A morfologia das palavras
mofou na folha umedecida
pelas lágrimas.
A sintaxe quer que eu sinta
a vida que bate na porta.
Que demais!
Aliás, o nexo se tornara
complexo.
Perdi completamente
o sentido, os 5 sentidos.
Nada de mais.
Com certeza não sou primeiro a
dizer isso, as frases acima já estão
manjadas, cansadas de serem lidas.
Sou poeta repetitivo,
e se falar do que se sente é ser repetitivo,
continuarei repetitivo.
Mesmo que isso me custe
não ser nada de mais.