EM OUTRAS VIDAS...
Quem sabe, eu, noutras vidas, tenha sido
senhor de escravos, sacerdote talvez.
Quem sabe sádico, um demente ou rei.
Quem sabe, eu, noutras vida, tenha sido
simples escravo ou servo de Deus.
Quem sabe santo, médico ou súdito
ou o renegado oficial da província.
Quem sabe, eu, noutras vidas, tenha sido
cobrador de impostos do reino, o guarda, talvez.
Quem sabe, prostituta, mendigo ou alto policial.
Quem sabe, eu, noutras vidas, tenha sido
um extorquido contribuinte ou um carrasco.
Quem sabe o homem que pagava amores,
quem sabe o homem que negava um pão,
quem sabe o maior entre os maiores ladrões.
Quem sabe, eu, noutras vidas, tenha sido
o curandeiro da tribo ou o feiticeiro da vila.
Um caminhante cansado ou a mulher do véu.
Quem sabe, eu, noutras vidas, tenha sido
o doente da aldeia ou o preso pela magia.
O guia do cego, o olheiro do caminho...
Quem sabe, eu, noutras vidas,
tenha sido simplesmente
o maior dos pecadores
que no mundo pisou.