Náufrago

Vasculho as nuvens como se o céu me devesse um milagre

E o vazio que não coube na mala me encontra agora.

Longe. De meus dias. Doces que desaguaram no mar.

Lembro de um farol que dizia: Talvez. Talvez. Talvez.

Venho de perder o tino e o rumo.

Algo me falta que ficou na margem.

Verdes confissões de amor que morreram na garganta

enroscam-se em meus pés agora.

A muita léguas, em minha vida

uma flor ainda tenta romper a pedra

Morrer no mar, de sede!

Que seja então. Com todo o sal da lágrima.

Procurem meu corpo

Na terceira onda à esquerda.