ADORNOS DO TEMPO
Oh, Tempo! És tão linear.
Amarrado em inconseqüentes nós,
procurei curvas e derrapei nas miragens da reta,
tentei enganar a sua linha invencível na tentativa da fuga.
Criei então uma teia sem horas,
dentro do tempo inescapável.
Numa bolha percorri anos devorados,
sem paladar, histerelizado.
Corrido do tempo decorrido,
Ignorei o vento jovial...
Mascarado, amarrado pela cara do tempo,
enganei apenas o espelho de minha memória.
Olhar impertinente e caprichoso da natureza,
vencido o percurso, venci a mim mesmo...
Tenho parte do tempo, inevitável.
Porém, há lacunas na alma,
Marcadas no corpo,
Preenchidas com as horas vazias.
No meu jardim, portanto, há também
botões de flores ,que não floreceram,
Pétalas caídas, que não nasceram,
Mas, que alimentam e germinam
A minha alma de sentimentos.
Agora, no entardecer,
Só há vida quando bordado em laços emocionais.
E são as peças da vida que dão curvas ao tempo,
adornam a alma quando o corpo
não puder enganar a si mesmo.
Peças em laços de paixões e desejos,
vestes derramadas pelas horas doces.