A brancura que ficou em logo ali

(Escrito no carro, de Campo Grande a Lapa, passando por Ipanema)

Todo o dia é a mesma cantilena

Um despertar confuso

Silêncio

A avenida vazia da minha vida

O castelo vigiado e fedento

A refinaria da minha favela

Onde estará ela?

Sinto o sentido da direção

O sol cega e aquece

A cidade é o piso e a paisagem

O pensamento vaga a procura da brancura

Ao lado do amigo de Campo

Onde estará seu pranto?

Um Cristo cabisbaixo me observa

Os irmãos túneis das Laranjeiras

Tudo é lembrança na passagem

A corrida dos carros potentes

Os porcos a lagoar com Freitas

Até as torres no cume

Tudo é nada

O corte profundo de Copa

Ipanema das lembranças

Por onde anda sua elegância?

Aquela panificadora continua lá a nos esperar

Não há lá lá

Lembrei-me da cabeça no poste

Da sua grande gargalhada

Felicidade passada, perdida

O caminho da Lapa

O relógio marca cedo demais

O amarelo dos táxis

O azul branco da manhã

A cidade desnudada e bela

Copabana se apresenta

A moldura do túnel sul do Rio Sul

De cabo a rabo

Eu pensando nela

A estrela solitária e louca

Na marina tudo é lembrança

A Urca foi nosso berço

Na Farani lembrei da Facha

Isso tem cura

Enquanto isso penso na brancura

Que ficou em logo ali

Depois da serra

Longe do mar

Onde será que ela está?

Macaco Pelado
Enviado por Macaco Pelado em 02/06/2009
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