Procurando a minha morena
Morena, onde vou te encontrar?
Será que acho que você no meio da minha fronha,
ou agachada procurando aquele brinco que sumiu?
Talvez esteja lavando a nossa louça,
tirando o pó das nossas coisas,
colocando o que acabou de lavar no varal?
Pode ser que tenha ido à guerra,
levando todas nossas esperança nos seus passos firmes e certeiros,
sendo a única luz que poderia nos tirar desse bueiro sem fim?
Ou é possível que tenha se perdido no caminho de volta,
e entrado em outra casa, formado nova família,
e esquecido de vez da gente para sempre, para sempre.
Ou tenha se fartado numa mesa de bar até não entender mais nada em volta,
mesmo sem nunca ter tomado um gole qualquer
e, mesmo assim, tenha secado todas garrafas do lugar.
Morena, onde vou te buscar?
Já vasculhei meus bolsos, meus pensamentos, meus invasores todos da alma,
já sacudi minhas gavetas, já desarmei minha palavras, já desmamei meus filhos e trilhas.
Talvez você esteja hibernada naquele porão no qual nunca fomos e do qual nunca saímos.
Talvez você esteja embalsamada nas páginas daquele livro que juramos escrever juntos um dia.
Talvez você esteja apenas esperando eu lhe dar bom dia para seguir comigo até onde a gente quiser.