autoconfissão

Autoconfissão.

Lareira acesa, tantas formas

Entre as brasas, dolorido som

Da madeira queimando lembranças,

O fogo brando brinca aos meus olhos,

Não espanta os fantasmas,

Não move os relógios,

Não me protege da noite.

E toda a claridade da lua,

Reflete na taça em que bebo

Doses de saudade.

O mundo atrás da janela,

Há muito perdeu o sentido,

Em meio a tanta iniqüidade,

E meus versos não mudam nada,

Confesso-me neles, tão culpado como todos,

Acendo meu cachimbo, mais um conhaque

E findo.

Sei que há muito além da janela,

Mas a quem importa todas as dores,

Que calmamente o fogo incinera?

Tonho França

Tonho França
Enviado por Tonho França em 23/05/2006
Código do texto: T161586