FLOR DO LÁCIO
Flor do Lácio
Murmura o vento uma oração
Parte o navio entre brancos lenços
Flores nos vestidos, olhos ao chão
O mar vai brando, dia propenso
Lá vai a flor do Lácio imigrante
Que há de florescer e me esquecer
Terras além a abraçar a viajante
Desdita sina, ciúme, dor e querer
Que outros olhos hão de te cobiçar
Tua candura, areia fina deste mar
Saudades hão de me martirizar.
Que estrangeiro há de vir a te amar?
Morro, imaginar que a outro vais beijar
Com a mesma boca que adeus veio me dar!
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ULTIMA FLOR DO LÁCIO - por Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
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Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
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Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
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Em que da voz materna ouvi: "Meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!