Estranho

Estranho o estranho acontecer,

Calcando os pés gigantes, na Paz,

Eliminando a verde esperança

Como quem, impiedosamente,

Pisa na grama verde dos jardins.

Estranho não ouvir mais

O canto de um pássaro estranho

Que eu nãi conheço, jamais antes o vi,

E que pousava, todas as manhãs,

Nas árvores - já tão estranhas - do meu jardim.

Estranho as pessoas correndo,

Assim apressadas, irritadas, stressadas,

Pelas ruas da cidade

Tão agitadas e medrosas,

Como fugitivos da guerra a fugir.

Estranho quase não ver o mundo

Com sorrisos, dar bom dia,

Estender as mãos cálidas e macias,

Distribuir abraços, desejar conhecer

E amar a tudo e a todos ao redor.

Estranho a vida se estranhando,

Fechando portas, trancando janelas,

Gradeando jardins, cercando-se

Prisioneira, em castigos, por ser amiga da Paz.

Estranho ser castigado por ser bom,

Ser livre por ser mau,

Estranho eu estranhando a vida assim?

Otelice Soares
Enviado por Otelice Soares em 23/05/2009
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