Estranho
Estranho o estranho acontecer,
Calcando os pés gigantes, na Paz,
Eliminando a verde esperança
Como quem, impiedosamente,
Pisa na grama verde dos jardins.
Estranho não ouvir mais
O canto de um pássaro estranho
Que eu nãi conheço, jamais antes o vi,
E que pousava, todas as manhãs,
Nas árvores - já tão estranhas - do meu jardim.
Estranho as pessoas correndo,
Assim apressadas, irritadas, stressadas,
Pelas ruas da cidade
Tão agitadas e medrosas,
Como fugitivos da guerra a fugir.
Estranho quase não ver o mundo
Com sorrisos, dar bom dia,
Estender as mãos cálidas e macias,
Distribuir abraços, desejar conhecer
E amar a tudo e a todos ao redor.
Estranho a vida se estranhando,
Fechando portas, trancando janelas,
Gradeando jardins, cercando-se
Prisioneira, em castigos, por ser amiga da Paz.
Estranho ser castigado por ser bom,
Ser livre por ser mau,
Estranho eu estranhando a vida assim?