Maio

As flores-de-maio nasceram novamente... São do mesmo caule, em base saturada...
Dos galhos da aroeira esvaziada por dias soltos... Sem sentido...
O esvoaçar das sementes... Avermelhando as calçadas... Entristecidas... Asfaltadas...
As flores-de-maio nasceram novamente... Adornadas pelo musgo... Grudadas em caule preso...
Um ano passa tão lentamente... Elas retornam ao eixo... Dizem sim ao firmamento... Colhem das lágrimas o seu sustento...
E o mundo gira em sintonia... Avesso ao discernimento...
A razão tosca e grave... Levantou alguns pilares...
Uma cerca em construção... O olhar para outra direção... Criar um muro, novamente... Não deixar que peito queime... Olhar apenas o finito dito... O anunciado e definido abrigo.
As flores-de-maio nasceram novamente, Amor... Em cores vivas que dizem que um ano passou depressa...
Tenho um minuto...
Elas duram pouco... As flores... Voltam, no próximo ano... Servem de regalo à alma...
Vasculhei o chão à procura dos meus olhos... Elas nem notaram... Estão preocupadas em existir...


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