REFLEXÕES DA MADRUGADA - 1

Que bom que é

poder acordar de manhã, ter um lugar pra dormir,

ter um chão nosso para pisar, um ar para abraçar,

um sonho para alinhavar, fundir e traduzir em vida a dois.

Que bom que é

ser capaz de tomar banho só para enxaguar a alma,

ser capaz de olhar para os lados e ver só o que gosta,

ser capaz de fechar os olhos e começar a enxergar a vida.

Que bom que é

acreditar nas pessoas, nos bichos, numa flor qualquer, no irmão que nunca vimos antes, na luz que vem só para nos clarear os atalhos,

entender que podemos escolher o nosso horizonte e ir até o fim dele,

reconhecer que chegar ao fundo do poço é necessário para gerar o impulso que levará ao topo.

Que bom que é

perceber que existem pássaros, flores, brisas, orvalhos,

ouvir os passos do medo, da dúvida e da saudade sempre indo e vindo,

ter onde atracar os desejos e, quando quiser, soltar suas amarras até nunca mais, até nunca mais.

Que bom que é

ser um gigante para reconhecer que somos ínfimos diante de Deus,

ter a certeza de recomeçar o caminho sempre que cruzar a linha de chegada, e conseguir fazer isso,

ter a sensibilidade para admitir que nunca estivemos sozinhos, mesmo quando só transparecia esse cenário e, sobretudo,

aceitar que viver é um presente maravilhoso e que devemos honrar esse privilégio todos os segundos que tivermos pela frente.