Um Certo Moço Que Me Encanta
Ainda buscas uma razão que não encontras
Fazes perguntas, queres todas as respostas
Reviras-te pelos caminhos da pretensa exatidão
Como és tolo por não saber-te amando-me
Confundo-te em meio as tuas efêmeras certezas
Sorrio-me por te perceber a fugir, negando-me
E quanto mais te enredas no dever, poder
Tecendo-nos em teias de condicionais e cautelas
Mais sinalizo-te concordâncias, provocando-te
Quero ser mesmo esta porta entreaberta
A convidar teus passos, espreitando tuas vontades
Medindo tuas resistências e tantas contenções
Ouço teus silêncios premeditados, quanto te ocultas
Fingindo que não te habito o pensamento, o sonho
Temes meus verbos que despem tua boca
Que te conjugam sem pudores em delírios e ardores
Sabes-me explícita ao dizer que te quero
Receias a incontinência com que trato desta ternura
Do olhar-te, fluindo-me em desmedidas doçuras
Sorvo-te embriagada, e tanto sou assim no amor
Não sei aparar excessos, andar na ponta dos pés
Sou de profundidades, de não ignorar vertigens
Não me guardo nos lábios frios da hesitação
Derreto-me em confissões e todas as juras
E mesmo de ti distante, longe dos teus olhares
Declaro-me tua no lume dos versos meus...
© Fernanda Guimarães