GEADA

O cafezal se estende

Numa grande área

Nos arredores da cidade,

Entre a mata de cerrado

E a Br-163.

Os pés estão carregados.

A colheita será recorde.

Prepara-se uma grande festa,

Com churrasco e cerveja,

Para o final da colheita,

Prevista para agosto.

Então muda o tempo.

Depois da chuva rala

A temperatura cai.

O vento traz o frio

Dos Andes Argentinos.

As aves buscam abrigo

Nas copas das árvores.

Os animais se entocam.

Os homens se protegem

Com casacos, ponchos,

Cobertores e fogueiras.

Na noite silenciosa

E estrelada de julho,

O gelo cai sobre as ruas,

Os telhados e as estradas

De Bandeirantes.

E ataca os grãos,

Destrói o cafezal.

Em meio à área carbonizada,

Alguém joga a praga:

Nunca mais há de nascer

Um só pé de café nessa terra!