Entre las margaritas

Primeiro,

despirei o espesso manto

que me oculta a alma;

desnuda,

vou mostrá-la a ti,

para teu espanto

diante destes tantos cortes

tão profundos e vivos,

que ainda sangram

pelo que então vivi.

Depois,

determinada e forte,

lavarei meus cortes

com vinagre e sal

(mágica poção que provoca

intensa dor medicinal )

para expurgar meus males

que me disputam

e me repartem entre si;

para exorcizar de mim

anjos e demônios,

o santo e o profano,

fantasmas e querubins,

em forma de pensamentos,

lembranças de maus momentos

que, com insaciável fome,

roem-me inteira por dentro,

como fazem à madeira os cupins...

Bendita assepsia!

Estarei livre, afinal!

Me soltarei das amarras

que ainda me prendem a ti,

embora de ti não me afaste,

pois tudo o que vivo é por ti!

Criarei asas de borboleta,

ou quem sabe, de colibri,

para voar entre as flores sagradas

que sonhei e nunca colhi!

Absorverei os perfumes

de orquídeas, jasmins e rosas.

Já não terei queixumes, pranto,

nem lembranças dolorosas.

Terei o rosto sorridente

e as faces bem coradas;

a alma leve, confiante,

volitante por novos rumos,

guiando-te por novas estradas,

pois se não estivermos juntos,

o todo e o tudo serão nada!

Guardarei para ti,

em cada abraço ,o universo,

mudarei o tom dos meus versos,

afinados de dó a si...

Enfeitarei meus cabelos

com o brilho de mil estrelas

e laços de coloridas fitas.

Por fim,

com a alegria emprestada

desse fantástico jardim,

" yo moriré a reírme,

entre las margaritas."

LA BANDOLERA
Enviado por LA BANDOLERA em 14/05/2009
Reeditado em 14/05/2009
Código do texto: T1594292
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