ME DESCULPE, FILHO

Filho, me desculpe por não conter essa fúria,

de não ser capaz de parar o rio que insiste em invadir a margem,

não ter força para segurar as minhas rédeas quando elas fazem tudo para fugir da minha mão.

Filho, desculpe por sangrar você com essas palavras e olhares que náo devia,

por esmigalhar seus momentos de luz e deixá-los sem ar, sem varanda,

por ser uma grande besta que não entende o maravilhoso filho que tem e que sempre terá, com toda certeza desse mundo.

Filho, desculpe por não ter ouvidos para você quando isso é a única coisa necessária no momento,

por destruir a oportunidade de erguer mais um bonito degrau na nossa vida em comum,

por ter a absoluta insensibilidade de não perceber que estou destruindo pontes vitais que nos unem hoje e que vão nos unir ainda mais amanhã, assim espero.

Filho, desculpe esse velho e cansado pai, que hoje é só arrependimento, que não queria deixá-lo triste, que não queria ser esse cara que não é o que você mais gosta e merece na sua vida.

Não posso prometer que, de agora em diante, os horizontes serão outros, porque não conseguimos mudar a nossa natureza, por pior que ela pareça em alguns momentos.

Mas gostaria que soubesse que isso não me faz bem, estou super magoado comigo mesmo e gostaria de fazer você só feliz.