Menina, larga disso
Você precisa aprender a me amar,
entender como bebo na fonte,
descobrir como gosto de mergulhar,
descobrir o meu atalho, minha ponte.
Já avisei, menina, larga disso,
já cantei essa bola trilhão de vezes,
já falei que você pode dançar, sabia,
já falei que tudo pode melar um dia.
Chega dessa mania de só ver o que quer,
nem enxergar o que está na ponta do nariz,
ficar olhando só dentro do seu peito,
vendo as coisas só do seu jeito.
Assim a brincadeira fica sem graça, sem raça, cheia de traça,
o caminho a dois vira uma droga,
não dá vontade de dormir junto, nem sentir seu cheiro,
e nem escutar os passos do seu coração.
Já avisei, menina, larga disso,
já cantei essa bola trilhão de vezes,
já falei que você pode dançar, sabia,
já falei que tudo pode melar um dia.
Assim vou cada vez mais longe, viro monge,
faço só o que devo, esqueço o tempero gostoso, a risada sem freio,
assim a fonte que nos nutre vira pó,
assim o que era prazer vira fardo, vira contrapeso,
deveríamos ser apenas um, mas viramos mais de cem,
mais de cem.
Já avisei, menina, larga disso,
já cantei essa bola trilhão de vezes,
já falei que você pode dançar, sabia,
já falei que tudo pode melar um dia.
As coisas são assim, não adianta chiar,
as regras do jogo são claras, acredite,
não queria fosse assim, mesmo,
queria que tudo fosse gostoso, sem parar,
sem parar.
Já avisei, menina, pra largar disso,
já cantei essa bola trilhão de vezes,
já falei que você pode dançar, sabia,
já falei que tudo pode melar um dia.
Um dia...