DE CARA LAVADA


 
Diante do espelho, ao sabor das
tempestades, deixei rolar as minhas
derrotas, olho no olho, rí da minha inocência
 quando partí à deriva e cheia de confiança...
Num reflexo, lembrei-me que alguém
alertou-me sobre consultar uma bússola,
ignorei... santa ignorância...
 
Ouço um grito que até o espelho assusta,
Moça!
Foi-se o tempo de criança onde a vida
era doce, infinita, eterna e mansa...
Acorda!
Lança-te fora desta convicção de que
vivi sonhando, o mundo doce de outrora
já se foi, segura e saiba lidar
com o presente da ingratidão...
 
Aos pulos e ligeira, saí feito uma espantalha,
e de cara lavada, enterrei a inocência de outrora
dentro do meu coração para enfrentar
com dignidade o mundo dos desenganos,
dos desafetos e falsos profetas...
 
Hoje, diante do espelho ainda me deparo
com aquela doce criatura, mas ela agora repousa
num lugar especial dentro de mim...
De cara lavada, madura e lapidada,
EU SOU mais EU...
 
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Naida Terra
Enviado por Naida Terra em 07/05/2009
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