O RETORNO
Dá gosto voltar para casa e encontrar a cria nos aguardando na porta,
perceber que conseguimos construir um alicerce forte e feliz,
perceber que a vida nos foi grata nos seus frutos, flores e arremates.
Dá gosto voltar para casa e sentir o cheiro gostoso desse caminho,
perceber que as paredes sorriem e nos abraçam com carinho,
perceber que até os nossos mais encardidos porões são recantos de luz e não tem mofo, musgo ou rebarba.
Dá gosto voltar para casa e pisar firme num chão que tem a nossa pele marcada em brasa,
perceber que fomos vencedores mesmo tendo o mundo jogando no outro time,
perceber que podemos saciar a fome dos queridos sem medo de faltar um copo d´água, um teco de carne.
Dá gosto voltar para casa e encontrar a amada sem a carcaça obtusa do medo, sem a íngreme escuna surrada da indiferença,
perceber que conseguimos chegar onde queríamos sem ter deixado mortos e feridos no caminho,
perceber que saimos ilesos e felizes dessa coisa esquisita que é compartilhar a mesma cama, a mesma mesa, o mesmo pedaço de pão.