Relato
Sinto-me passivo
Ao menos relaxado.
Mas de súbito e furtivo
Algo me é falado
Tu sabes o motivo!
Porém permanece calado.
E um pouco interrogativo
Ele sussurra ao meu lado
Você ainda é vivo?
Fico até espantado.
E de fato pensativo
Imagino-me desalmado
O funeral de um homem vivo
Que agora não tem passado.
Excluo-me do passivo
Pois me sinto violado
Do meu coração ativo
O orgulho arrancado.
E agora o corpo vivo
É sem vida, alienado.
Fui preso sem motivo
E lá dentro violentado.
O bandido efetivo
Um policial mal amado.
Surrou-me ao vivo
E alegou ter sido desacatado
O preconceito é o motivo
Que tanto tem me assombrado.