NINGUÉM

Quem afinal é essa criatura,
que se fantasia com tantas máscaras,
que dissimula sua loucura
e comenta desse jeito meus versos
como se fosse eu a impura?

Quem afinal é essa criatura,
que habita o anonimato do que eu enfrento,
que se faz de corajosa escondendo-se no vento
e pensa que a mim engana,
expondo-se sem a menor lisura?

Quem afinal é essa criatura,
que tão pouco se importa com a minha realidade,
que mancha os meus escritos com o que pensa ser verdade,
e nada sabe da vida por nada ter assumido,
e tece em palavras vis o que imagina ter vivido?

Quem afinal é essa criatura?
Imagino o quanto se tortura
por ser a cada dia um ninguém.



MORGANA CANTARELLI
Enviado por MORGANA CANTARELLI em 31/03/2009
Reeditado em 21/07/2013
Código do texto: T1514724
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