Espinho

Fincado no árido estio

um cacto virou.

De espinho o que era doce cobriu,

a dor de não existir feriu.

Plantado no meio do mundo

jamais floresceu.

Semente do viço que houvera

no chão pereceu.

Na fonte vislumbra

o oásis de sobreviver.

Parado na vida brotou,

sem chance o broto minguou.

A seca enfim soterrou,

a terra sem dó o cobriu.

Na história ninguém lembrará

De um cacto que a todos feriu.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 26/03/2009
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