Espinho
Fincado no árido estio
um cacto virou.
De espinho o que era doce cobriu,
a dor de não existir feriu.
Plantado no meio do mundo
jamais floresceu.
Semente do viço que houvera
no chão pereceu.
Na fonte vislumbra
o oásis de sobreviver.
Parado na vida brotou,
sem chance o broto minguou.
A seca enfim soterrou,
a terra sem dó o cobriu.
Na história ninguém lembrará
De um cacto que a todos feriu.