MEU AMIGO... PAI JOÃO
Na vida tudo é alegria,
Na voz da melodia
Que fala em recordação.
Nas chamas da fantasia
Na noite clara e fria
Plange um triste violão.
Sentado na tosca sobra
Da velha ávore, chora
O negro velho - desilusão.
As lágrimas de amizade
Rolam com sinceridade,
Brotam de seu coração.
Vivendo tempos sombrios,
Seus olhos correm o vazio
E perde-se na amplidão.
O pito vai fumegando,
Na lembrança buscando
Saudades, do seu sertão.
E agora, velho, alquebrado
Fica por horas sentado,
Roçando o pé no chão.
Dentro de si talvez queira,
Sua fé, qual fogueira
Reviver alegrias - tudo em vão.
O pinho que em seus dedos chora,
Não deixa que tristes memórias
Enlameie seu coração.
Como bálsamo de alegria
Vai banhando a melodia
A figura meiga - na solidão.
Em meio a barbicha branca
Exloda a risada franca,
Que brota de satisfação.
É que o pinho de repente
Esquecendo o tom dormente,
Em batuque faz, a marcação.
Os dias se passaram...
Os anjos do céu levaram
Um amigo - Pai João!.
Hoje a palhoça vazia
Recolhe a terra fria...
Um cachimbo - um violão.