VELAS

Das velas, as chamas

já se extinguiram;

do barco, as velas

já não vejo mais;

espaços enormes

a serem preenchidos

e o presente a passar

não oferece cais.

Gaivotas voavam

enquanto eu me erguia

do sonho da febre da exaltação

do amor que eu pensei possuía

mas eram gaivotas

em voos de arribação.

Tão longe, o barco

as velas um ponto

no infinito

de água e azul solidão.

Sem chamas, sem asas

somente o som aflito

das notas dolentes

de um violão.

Tânia Martins (LIVRO “VELAS)